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rural. Já nas séries finais, deve-se trabalhar os direitos e responsabilidades dos alunos e de sua comunidade com
relação à qualidade do ambiente em que vivem e as possibilidades de atuação individual e coletiva, discutindo in-
clusive sobre o reconhecimento dos tipos de uso e ocupação do solo na localidade, além de analisar criticamente
as atividades de produção e práticas de consumo;
Meio ambiente e conservação ambiental: manejo e conservação da água, tratamento de detritos humanos, co-
leta e reciclagem de lixo (saneamento básico); poluição do ar, água, solo e sonora; manejo e conservação do
solo; noções sobre plantas e animais e cuidados com a saúde, práticas que evitam desperdício; uso e extração
correta dos recursos naturais. Esse bloco abre ainda a discussão para as possibilidades positivas e negativas de
interferência dos seres humanos sobre o ambiente, suas consequências e a busca por formas adequadas de se
interferir para amenizar e equacionar os impactos.
Neste caso, é feita uma abordagem interdisciplinar e o trabalho é realizado a partir da cooperação e troca, aberto
ao diálogo e ao planejamento, integrado pelas diferentes áreas do conhecimento.
Trabalhar efetivamente com a interdisciplinaridade não é fácil, pois requer principalmente a disponibilidade dos
professores para pensar e planejar, o que nem sempre é possível. Contudo, o diálogo com outras formas de
conhecimento enriquece as relações existentes dentro da escola e com toda a comunidade escolar, se esse for o
objetivo.
Nesse sentido, o trabalho surge espontaneamente no cotidiano, partindo sempre do interesse, do desejo e da
curiosidade de um determinado grupo. Fazenda, 1999 (p. 17) defende a ideia de um projeto interdisciplinar onde
“não se ensina, nem se aprende: vive-se, exerce-se. A responsabilidade individual está imbuída do envolvimento
- envolvimento esse que diz respeito ao projeto em si, às pessoas e às instituições a ele pertencentes”.
O professor deve ter cuidado para que não haja uma superficialidade no processo. As áreas envolvidas podem
ser variadas, propiciando às crianças aprender através das múltiplas linguagens, ao mesmo tempo em que lhes
proporcionam a reconstrução do que já foi aprendido anteriormente.
Para haver aprendizagem, é preciso que a organização do currículo seja pensada de forma significativa para os
estudantes e também para os professores. Os conteúdos não podem mais ser abordados à base da repetição,
como um adestramento, não importando quem os ouça, quem os observa ou o que se aprende. O docente deve
perceber o conhecimento como algo transitório e incompleto, em constante pesquisa, e não como uma verdade
absoluta.
O caminho dos projetos possibilita a troca de saberes e conhecimentos construídos na história da humanidade
de modo relacional e não-linear, e é dessa forma que a problematização da educação ambiental deve acontecer
na escola. Se todos os atores do processo de aprendizagem estiverem envolvidos com a questão, a transforma-
ção deixa de ser utopia. Construir um currículo a partir de uma visão em que conhecimento e sociedade estejam
relacionados é fundamental.
Repensando a educação e os conflitos socioambientais: caminhos e desafios do professor no trabalho com a
educaçao ambiental na escola
A escolha por parte do professor ao trabalhar com a educação ambiental demanda a quebra de paradigmas e o
domínio de obstáculos que geralmente se impõem a sua ação. Aquele que opta por dedicar-se ao tema se depara
com muitos desafios. É preciso que se tenha a clareza do valor pedagógico das próprias práticas e estratégias de
trabalho, e, sobretudo, da sua concepção de mundo.
Sabe-se que os professores das Séries Iniciais do Ensino Fundamental lidam com as diferentes áreas do conheci-
mento. Disciplinas como a Matemática e a Língua Portuguesa, geralmente prioritárias às Ciências, História, Artes,
Geografia entre outras disciplinas, torna para ele, trabalhoso repensar aulas já estruturadas, mesmo que algumas
vezes, descontextualizadas às demandas do grupo com quem ele trabalha a cada novo ano que se inicia.
Entre tantos desafios, PEDRINI (2007) aponta para o fato de haver na educação ambiental a recorrência de confli-
tos nos contextos de aplicação do trabalho que, em grande parte dos casos, se limita a atividades soltas e desar-
ticuladas como gincanas, hortas, reciclagem de papel entre outras, sem que haja oportunidades reais de se criar
unidades de trocas pedagógicas, em que todos os atores envolvidos possam pensar e debater criticamente sobre