Innovando en la educación superior: experiencias clave en Latinoamérica y el Caribe 2016-2017. Volumen 2: metodologías activas de enseñanza y aprendizaje

VOLUMEN 2: METODOLOGÍAS ACTIVAS DE ENSEÑANZA Y APRENDIZAJE 42 sucedem nos seus espaços de abertura para o mundo: janelas, portas e quintais. Bonecos reunidos como uma multidão caracterizam graficamente o seu contato com o espaço externo da rua, enquanto aparecem isolados e em situações inusitadas, voando com capa ou dormindo o sono dos mortos, quando associados ao espaço do não-lugar. No desenho do sonho Medo, t tulo que encerra o sentimento que marca a maioria dos encontros entre a casa on rica e os outros lugares, a cena se repete com o desenho de um voo ocorrendo no espaço limiar, numa faixa de terreno entre a casa e o portão da rua . Nas figurações dos espaços externos da rua, sem a presença e mediação da casa, são desenhadas estradas, automóveis, ambientes internos de trabalho e pr dios. Ambientam-se, tamb m, nesse cenário on rico exterior à casa, narrativas gráficas de extrema violência, com armas de fogo empunhadas em disparo numa ação de assalto, ou mesmo ramificando em quantidade sobre a terra. Al m dessas aparições, as armas são potencializadas pela capacidade de voarem, riscando os c us com trajetórias de tiro, e reforçada por uma seta indicando a sua identidade, para que não restem dúvidas quanto à sua representação. Na autoria dessa narrativa gráfica de extrema violência, encontra-se uma menina de apenas dez anos de idade, cursando o quinto ano do ensino fundamental. Nas correspondentes ao não-lugar , são criadas imagens de encontro com pessoas conhecidas, mas já falecidas, em ambientes carregados de nuvens ou vazios, visitado pela imagem sem asas em voo. Ou então, desenhado o caixão, isolado, sem nenhuma localização espacial, com um vulto de pessoa transparecendo sob a sua tampa cerrada 5 . Voltando-se para a dimensão ignorada do n vel do conteúdo manifesto dos sonhos, poss vel retomar a força das suas imagens e vinculá-las emocionalmente com os seus espaços culturais de manifestação (Burke, 2011). Na busca de inscrição cultural dos sonhos, destaca-se a relação entre a imagem da casa on rica e a sua apropriação como categoria social para compreender alguns traços da sociedade brasileira 6 . As imagens da casa presentes nos sonhos retomam a ideia de uma “arte da memória”: uma t cnica de memorização de conceitos atrav s de imagens (Yates, 2007). Conclusão Atentos à construção e mapeamento de uma comunidade tang vel, de pessoas que comungam cotidianos em disposições objetivas, na sala de aula, optou-se pela recolha de sonhos, visando ao entendimento de mecanismos subjetivos. Aprender juntos, exercitar reflexões sobre abstrações, tentar a captura de situações et reas, foi se constituindo em propostas para pessoas que pactuam um cotidiano escolar. Tentava-se a formulação de um novo objeto de estudos, não mais derivados do long nquo e exótico. Transformar alunos em catadores de sonhos equivalia a transmudá-los da condição de estudantes a pesquisadores, de observadores a art fices de uma realidade mais próxima. Brilhava, assim, um primeiro propósito desta experiência: a certeza de que tudo e todos somos alvos de pesquisas e, que, ao se buscar entendimento do outro, aprendemos mais sobre nós mesmos. 5 Os desenhos desses sonhos, al m de outros, estão nas s ries “rua” e “não-lugar”, no cap tulo do livro intitulado “Planta baixa dos sonhos”. 6 Veja como exemplos: DaMatta (1997), Freyre (2006) e Martins (1996)

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