Innovando en la educación superior: experiencias clave en Latinoamérica y el Caribe 2016-2017. Volumen 1: gestión curricular y desarrollo de docencia

36 VOLUMEN 1: GESTIÓN CURRICULAR Y DESARROLLO DE LA DOCENCIA A mudança do contexto de ensino e aprendizagem para um modelo por competências, exigindo engajamento cognitivo de elevadas dimensões pelos estudantes e, porque não, pelos professores, significa uma verdadeira mudança cultural, da transmissão para a mediação, da mera compreensão para a avaliação, a criação e a teorização. Não suficiente usar metodologias de ensino inovadoras, mas preciso mudar atitudes frente ao processo de ensino e aprendizagem. E, para mudar, as pessoas precisam, primeiro, ser convencidas do motivo pelo qual preciso mudar. Apresenta-se neste cap tulo a estrat gia de inovação nas práticas de ensino e aprendizagem da Pontif cia Universidade Católica do Paraná, desenvolvidas entre os anos de 2014 e 2015, que envolveu uma análise filosófica da necessidade de mudança, um diagnóstico sobre os desafios da educação contemporânea e a elaboração de premissas e estrat gias para a condução do processo de inovação. Pensar o futuro da universidade “Mudança o processo no qual o futuro invade nossas vidas” (Toffler, 1970, p. 8). Essa frase do futurista norte-americano Alvin Toffler tem servido de roteiro e de argumento para que a PUCPR pense sobre o futuro da universidade e implemente, agora, uma estrat gia de construção da excelência pedagógica, com vistas a enfrentar com eficácia os desafios do mundo contemporâneo. Quando o filósofo alemão Friedrich Nietzsche ainda era um jovem professor de 27 anos, que acabava de ser contratado pela Universidade de Basileia, proferiu uma s rie de conferências intituladas Sobre o futuro dos nossos estabelecimentos de ensino . Transcorria o ano de 1872, e a crise cultural atingia de cheio o ambiente educacional de seu tempo. Nietzsche identifica o motivo dessa crise: o enfraquecimento da vocação pedagógica em benef cio do “filiste smo” e da erudição vazia; a redução do saber a mero instrumento útil e funcional; a limitação da cultura às especialidades exigidas pela nova divisão do trabalho; a substituição dos verdadeiros mestres por “operários do saber”, que meramente seguem a burocracia das demandas utilitárias aduzidas por t cnicas de formação que colocaram a universidade meramente a serviço do Estado e do mercado, e não da elevação da cultura. O aumento do número de estabelecimentos de ensino, promovidos pela tentativa de garantir educação para todos, conforme o projeto iluminista, teria uma consequência nefasta do ponto de vista cultural, porque ele simplesmente testemunharia a intenção da economia pol tica moderna de forjar, a todo custo, “homens comuns”, cuja felicidade estaria na posse de um diploma e de dinheiro, bons operários dos sistemas produtivos e do mercado, cuja inteligência estaria simplesmente a serviço da propriedade e do lucro. Esse modelo teria transformado a universidade em um lugar de preguiça e comodismo, e de transmissão de conhecimentos cujo objetivo era criar homens uniformes, obedientes e med ocres, conservados na mera erudição, nos expedientes burocráticos, na futilidade, na imaturidade e no descompromisso com o crescimento da sociedade. Os egressos desses estabelecimentos seriam meros “servidores do momento” e atenderiam não às demandas da cultura, mas às exigências espec ficas do Estado (funcionários preparados para os concursos, por exemplo) e do mercado (operários para as máquinas e controladores dos processos produtivos e das suas contabilidades, por exemplo). Seriam homens de ideias postiças, incapazes de pensar por si mesmos porque se deixavam levar facilmente pelos costumes e pelas opiniões dos outros, temendo “os aborrecimentos que lhes seriam impostos por uma honestidade e uma nudez absolutas” de seu próprio caráter (Nietzsche, 2003, p. 140).

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