El derecho a la ciudad y la vivienda : Propuestas y desafíos de la realidad actual: XIII Encuentro ULACAV; V Jornada internacional de vivienda social

ou sócio-económicas, por exemplo. Compreende-se sustentabilidade como urna busca e nao como um fim, portanto, segundo esta abordagem, a arquitetura tem um papel fundamental de interface entre os ambientes construidos e naturais, pois correlaciona diversos aspectos que podem ser averiguados a partir de distintas dimensoes. Neste sentido, apresentam-se as rela9oes percebidas entre a arquitetura autóctone do Tekoá NhOu Pora e as dimensoes compreendidas a partir dos principios dos Mbyá-Guarani. 1) dimensao social: refor9a a dinamica tradicional coletiva de produ9ao, o potiró (mutirao), rito cultural essencial das redes sociaís internas e externas ao tekoá, que deve acorrer com certa freqüéncia, com a constru9ao e re-constru9ao de casas. contribuindo o principio da mobilidade sócio-cultural, bem como, propiciando a autovaloriza9ao e a autonomía, através dos conhecimentos apropriados; 2) dimensao económica: favorece a coopera9ao e a troca de recursos e saberes entre comunidades, de acordo com o principio da economía da reciprocidade, por exemplo, trocar espécies locais. abundantes para o artesanato. por outro material e técnica tradicional para cobrir a casa como o capim e, além disto, estes sao recursos naturais de baixo nenhum custo por ser coletado no local; 3) dimensao ambiental: o baixo impacto e a inserc;:ao que os materiais naturais e tecnologías apropriadas propiciam sao significativos á continuidade da tradi9ao, a qual exalta valores simbólicos e míticos que contemplam estes saberes, que proporcionam urna paisagem integrada com um desenho organico, que possuindo flexibilidade e pluralidade de identidades, segundo a diversidade ecológica local; 4) dimensao cultural: coerente com a visao de mundo, respondendo ás necessidades tradicionais e representando as expressoes materiais da cultura com o principio de resgate da memória oral transmitida e aplicada e estimulando a cria9ao e a reprodu9ao de outras formas construtivas que podem vira reaparecer, contribuindo com transmissao de saberes de gerac;:ao em gera9ao; 5) dimensao espiritual: propicio como espa90 de práticas religiosas, trazendo um ·conforto pessoal", principalmente, aos mais velhos que primam pela tradic;:ao e que sao os que transmitem a orienta9ao espiritual para a comunidade, íntimamente relacionada á saúde, seja pelos materiais mais saudáveis ou pelo fato de serem espécies sagradas de "alma forte"; 6) dimensao do mistério: dados nao revelados. mas contemplados e respeitados, cabem somente aos Mbyá conhecerem e, sem explicarem, dizer como deve ser, assim como as palavras sagradas que nao tém como traduzir ao portugués; A sustentabilidade desta arquitetura autóctone está, fundamentalmente. vinculada a parametros etnológicos. Os Mbyá com freqüéncia abordam a dificuldade de compreender as divisoes que lhe sao abordadas, ressalvam que nao há como talar de habita9ao, sem talar de saúde, religiao ou alimenta9ao, pois tudo está conectado e nao em "caixinhas" como é a organizavao da sociedade nao-indígena. Declararam que "sustentabilidade é ter opy", ou seja, resumem e juntam todas as dimensoes na expressao cultural material a partir de urna casa construida segundo a arquitetura autóctone. CONSIDERACÓES FINAIS A continuidade da arquitetura autóctone apresentada estimula o exercício do olhar mais sistémico para produc;:ao de políticas públicas que visem contribuir neste sentido, sendo necessárío especificar aspectos em distintas dimensoes de acordo com cada contexto e cada grupo. Mas se nao continuar a ser desenvolvida, em fun9ao de pressoes e do recebimento de recursos inadequados da sociedade nao– indígena, a qual caracteriza-se. hoje, por urna lógica assistencialista com solu9oes estanques e padronizadas, das quais nao há espa90 para a inser9ao da cultura Mbyá. Além disto, o processo de projeto, obra, aquisic;:ao de materiais, transporte, constru9ao, manejo e residuos nao condizem com os aspectos de sustentabilidade abordados. Neste sentido, é de extrema importancia e de direito dos povos indígenas a participac;:ao através de diálogos que estimule solu9oes conjuntas e intercambio de técnicas mais sustentáveis, as quais possam visar á autonomía na produ9ao de sua própria arquitetura. Porém, cabe ressaltar o fato de somente dialogar para intervir nas constru9oes externas á cultura, como os postos de saúde, escolas, ou centros comunitários, os quais se pressupoem locais de interface que poderiam ter urna arquitetura diferenciada, e nao intervir na arquitetura autóctone existente para a habitac;:ao, pois este uso é restrito aos aspectos da cultura e devem ser respeitados. Esta arquitetura é compatível com a dinamica de mobilidade Mbyá-Guarani, pois responde á durabilidade no tempo e no espac;:o dos ambientes que buscam se inserir, bem como responde ás necessidades sócio-culturais das quais tém o direito de continuares reproduzindo e re-inventando de

RkJQdWJsaXNoZXIy Mzc3MTg=