El derecho a la ciudad y la vivienda : Propuestas y desafíos de la realidad actual: XIII Encuentro ULACAV; V Jornada internacional de vivienda social

que liga Maquiné á Riozinho. Os Mbyá utilizam trilhas abertas nas encostas dos morros, que ligam a parte baixa do vale ao tekoá, levando de 3 a 5 horas de caminhada. Estas distancias, segundo o cacique, favorecem a nao interferencia da cultura nao-indígena, mas geram problemas com transporte de alimentos e criani;:as. Um tekoá é formado, basicamente, por tres espai;:os chaves: áreas de moradia, formadas por casas que dívidem um mesmo pátío com pequenas roi;:as familiares; áreas de roca coletivas; e áreas de mata, onde coletam os recursos naturais necessários (FREITAS, 2004). As áreas de moradia sao núcleos familiares que geram redes interconectadas por pequenos caminhos dentro das áreas de mata e áreas de produi;:ao, representando a organizacao sócio-cultural dos Mbyá, a qual possui urna centralidade fundamental que é a casa de reza, a opy, localizada em um dos núcleos. Questoes culturais, sociais, económicas e políticas sao orientadas por duas liderani;:as com papeis diferenciados e estratégicos, atualmente, que sao o karaí e o cacique, senda o primeiro responsável pela interlocui;:ao com o mundo espiritual e segundo com o mundo externo á comunidade. As familias seguem o principio fundamental da reciprocidade que mantém as relai;:oes de colaborai;:ao, cooperai;:ao !rocas dentro e entre comunidades (FELIPIM, 2001). Atualmente, nem todas as áreas Mbyá correspondem a estes espai;:os tradicionais, principalmente ás áreas de mata, devido ao fato de estarem, cada vez mais, restritas e escassas de recursos naturais e, ainda, críaram-se outros espai;:os demandados pela interferencia da sociedade nao-indígena relacionados como escolas, postos de saúde e centros comunitários. O Tekoá Nhüu Pora contempla todos os espai;:os tradicionais, agrupando seis núcleos familiares localizados em apenas 10% da área total demarcada, segundo a última visita de campo, em abril de 2007. Sao 30 pessoas, aproximadamente, sendo um número variável em funi;:ao da mobilidade tradicional, sob as liderani;:as do cacique Avelino Gimenes e do karaí José Verá Rodrigues. Os núcleos estao distribuidos, linearmente, ao longo de 850 km de urna estrada pré-existente, formando espai;:os independentes e tangencíais á via, reunindo de duas a tres construi;:oes tradicíonaís, ou estruturas que foram ou serao casas. Os núcleos das extremidades sao familia do cacique, por onde chegam os juruá 3 (homem branco) proveniente da estrada, e da familia do karaí, por onde chegam os Mbyá via trilhas. Estao localizados de 20m a 120m de distancia, aproximadamente, associadas a características de solo, vegetai;:ao e clima, propicias para o plantío e o manejo tradicional das roi;:as familiares, aperfeii;:oam suas sementes de gerai;:ao em gerai;:ao, segundo Felipim (2001). As áreas de mata (ka-aguá), onde coletam recursos para a manuteni;:ao e a reprodui;:ao de seus costumes tradicionais, empregam vários esfori;:os para o acesso e conservai;:ao das espécies que necessitam (FELIPIM, 2001 ). Há muita área verde coberta de mata nativa com diversas espécies importantes como a araucáría (pinhao), a erva-mate (mate) e o xaxím (casas), e distintos recursos hidricos, como arroios, ai;:udes, banhados e cachoeiras, usados para o abastecimento de água, lazer e pesca. Porém, estao com um grande problema atual, em relai;:ao a coleta de urna espécie de taquara, a taquara-mansa (takuá ete1), tradicionalmente usada, para cobrir suas casas. Este espécie vegetal, mesmo abundante em todo o vale, encontra-se em fase de seca, levando oito anos para que possam usá-la de novo e, neste momento, necessitam reformar diversas coberturas. Assim, devido a este e outros motivos, esta comunidade, que era contra interveni;:oes externas, acabou requerendo e aceitando a construi;:ao de onze casas desenvolvidas pelo governo estadual, as quais seguem urna tipología que nao atende as necessidades sócio-culturais, averiguado nas aldeias que foram construidas no RS. Além de utilizarem materiais e técnicas industrializadas, como toras de eucalipto, telhas ceramicas e pregos que nada tem a ver com a arquitetura Mbyá-Guarani, sao executadas através de contratai;:ao de mao-de-obra nao-indígena, resultando em diversos problemas construtivos e de manuteni;:ao, segundo Zanin (2006). Esta pesquisadora coloca que a satisfai;:ao dos Mbyá perante estas tipologías acorre na medida que acabam tendo que utilizar elementos da cultura nao-indígena, como infra-estrutura de luz elétrica, as quaís proporcíonam mudani;:as no comportamento e levam a terem que víver entre duas culturas. Desta forma, nas aldeias que receberam esta tipología, acabaram construindo, ao lado de cada casa, outra tradicional, como mostra a figura 3. 3 Juruá significa •a semente que vem da boca·, ou segundo expressOes populares brasileiras ..da boca para fora\ ou seja, a palavra que nao vem do corac;ao e é assim que os Mbyá véem e chamam o homem branca.

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