Corea, perspectivas desde América Latina: IV encuentro de estudios coreanos en América Latina

Discrimjnafáo ou diftmnfa cultural? Refkxóes sobre o choque cultural dos imigrantes coreanos no Brasil altos graus de homogeneidade etnica do mundo. Mas Park No-Ja apresenta uma outra explica<;ao. Acredita ele que a ideia tenha sido incutida pelos su– cessivos governos ditatoriais na tentativa de forjar uma "justificativa racial" capaz de legitimar um governo autoritário. E o exemplifica através da retórica imposta nas expressoes "nosso país" em vez de Coreia e "nossa língua" em vez de língua coreana que os coreanos passaram a usar sem refletü· 269 • Inato ou fabricado, o senso exacerbado de identidade racial dos coreanos é fato e a auto-segrega<;ao da comunidade, unanimmente apontada pelos en– trevistados brasileiros, pode ser vista como uma tentativa de sobrevivencia identitária de uma coletividade exposta a um ambiente cultural que percebe divergente da sua, inclusive moralmente. Nao é a toa que se concentrem em volta da igreja, pois esta seria um instrumento capaz de garantir a preserva<;ao moral próxima de sua raiz confucionista. Em comentários do tipo "Eles sao fechados e eu lembro que minha mae falava que eles nunca participavam das reunioes de condomínio... nao sei se eram anti-sociais ou porque nao iriam entender mesmo..."; "parece que eles ficam fechados em grupinhos que quem nao é coreano nao pode entrar..."; "colégio onde eu estudei tinha muitos orientais... e os coreanos iam pras igre– jas... mas sempre em grupinho... os coreanos eram mais fechados do que os japoneses, porque eles nao se misturam... ouvi dizer que eles só casam se for com outro coreano... eu nao gosto muito dessa coisa fechada ..." podemos ver o etnocentrimo coreano entrando em conflito com a característica brasileira da flexibilidade e adapta<;ao, que sempre acolheu as diferen<;:as multi-culturais. Na pesquisa com os colegiais da segunda gera<;ao de coreanos, muitos se sentiram "discriminados" ao serem chamados de "japa", quando na verdade o termo "japa" nem sempre é uma expressao depreciatíva para os brasileiros que a pronunciam, sendo a sensa<;:ao de "discrimina<;ao" oriunda principalmente da sua identidade racial ferida. Hostilidade de castas Entre os entrevistados brasileiros houveram alguns comentários do tipo "eles dominaram o comérdo e tratam o brasileiro como escravo.... eles acham 269 Op. Cit, p. 219-221. Corea, perspectivas desde América Latina

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