Corea, perspectivas desde América Latina: IV encuentro de estudios coreanos en América Latina
Junglm, Y. Aquilo que chamamos de "comunidade coreana no Brasil", que aos olhos alheios pode parecer um grupo fechado e homogeneo, esconde na realidade urna gama muito grande de diferentes micro-grupos. Kim Hyung-Mi, em seu estudo de mestrado (p. 122)268 já apontou a separa\ao entre "coreano-coreano, coreano-brasileiro e abrasileirado" na construcrao da identidade dos jovens co– reanos no Brasil. Mas as separa¡;oes nao param aí. Com o número crescente de empresas coreanas a se instalar no Brasil, aumentou também o contingente enviado por essas empresas. Para eles, os imigrantes coreanos caem na cate– goria de "eles", que pertencem a urna categoría menos nobre, a de comercian– tes, em contraposü;:ao aos "executivos". Urna nova dsao interna come¡;ou a se configurar a partir da década de 90, com a nova ordem económica resultante das crises financeiras globais. Com a reducrao drástica do kye, a escassez de crédito, a falta de acesso aos financiamentos legalizados - por desconheci– mento, desconfians:a ou por incapacidade - fizeram com que muitos coreanos vissem os seus negócios afundarem. Assim, a partir da década de 90, aumen– tou o número de coreanos pobres os quais sao vistos com ceticismo pelos mais abastados - separas:ao que tem como urna das medidas o poder de frequentar campos de golfeo Como se nao bastasse, a partir da década de 90, a crise co– reana acabou provocando novas ondas de emigra¡;ao, o que acabou por criar choque entre gera\oes de imigrantes, entre aqueles com mais tempo de Brasil e os recém-chegados. E os exemplos desse tipo de separa¡;ao poderiam se es– tender indefinidamente. Visto dessa maneira, a auto-segregacrao da comunidade coreana no Brasil parece ser um ato mais do que natural, com base no seu etnocentrimo, esteja ele calcado sobre a ideia da ras:a ou da cultura. Park No-Ja relata que a maio– ría dos coreanos se gaba de ser um povo com "consciencia racial e senso de identidade fortíssimos" como se isso fosse urna virtude. É comum explicar o ufanismo etnocentrista dos coreanos a partir das inúmeras invasóes a que foram submetidos nos cinco mil anos de existencia, por terem conseguido manter a sua unidade etnica e cultural no curso de urna história que sempre atentou contra a sua sobrevivenda, resultando num país com um dos mais 268 Kim, Hyung Mi. Hanguk Yonsok: Nas salas de video, Uma lane/a para a Coréia - Etno– grafia do Conteúdo Simbólico das Novelas Coreanas. Trabajo de fin de máster (Máster en Antropología Social), Sao Paulo, Universidad de Sao Paulo/Departamento de Ciencias Sociales, 1996. IV Encuentro de Estudios Coreanos en América Latina
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