Corea, perspectivas desde América Latina: IV encuentro de estudios coreanos en América Latina
Discriminafáo ou diftrenfa cultural? Reflexóes sobre o choque cultural dos imigrantes coreanos no Brasil económico acelerado, em meio a um ambiente social pós-guerra. em que a "credibilidade dos procedimentos e as regras do jogo" nao estavam ainda bem consolidadas. "A lógica do crescimento acelerado e o sofrimento histórico co– letivo, aliados a alta densidade demográfica concentrada em Seul acabou por formar urna condi'fao de vida na qual só se sobrevivía a base de 'pali-pali'." (p. 52). Se lembrarmos que logo após a Guerra da Coreia, os norte-americanos residentes temporariamente se referiam jocosamente ao "Korean time" para descrever o desleixo dos coreanos com rela'fao a pontualidade, podemos dar razao a explicaifao do prof. Kang. Conforme foi mencionado no tópico "Flexibilidade: adapta<¡:ao e tolerán– cia", vários dos entrevistados coreanos se queixaram do "tempo brasileiro", observado frequentemente em expressoes do tipo "estou chegando" e que ex– primem um tempo largamente elástico. O problema é que tal flexibilidade· brasileira fica sujeita ao juízo moral coreano, acusando os brasileiros de pouca credíbilidade e nao dignos de confian<¡:a, quando nao de mentirosos. Um dos entrevistados coreanos mais bem-intencionados até suspeitou se isso nao se– ria decorrente de urna diferen<¡:a de linguagem entre o coreano e o portugués, mas o que vemos é a incompreensao da flexibilidade por parte dos coreanos contribuindo para a imagem negativa que fazem dos brasileiros. Os de dentro e os de fora Um dos elementos mais frequentemente citados quanto as características dos coreanos é a distin<¡:ao entre os de dentro e os de fora. Esse coneeito pode apa– recer sob nomenclaturas diferentes, inclusive na ideia do "cronísmo" endémico na sociedade coreana, conforme apontado por quase a totalidade dos intelec– tuais engajados críticamente no modo de ser coreano. É um dos elementos maís exaustivamente trabalhados pelo prof. Park No-Ja 26 6, expoente internacional em estudos coreanos, em seu livro A Coreia de voces (2001)267. A ¡deia se resume na tendencia exacerbada dos coreanos em dividír o mundo ao seu redor em "nós" e "eles", hostilizando cruelmente os últimos em beneficio dos primeiros. 266 Russo naturalizado coreano e especialista em história coreana. Atualmente, leciona na Universidade de Oslo, na Noruega. 267 Park N. J. Dang-sin-deur-eui Dae-han-min-kuk 1, Seul: Hangyeorye, 2001. 242 Corea, perspectivas desde América Latina
Made with FlippingBook
RkJQdWJsaXNoZXIy Mzc3MTg=