Corea, perspectivas desde América Latina: IV encuentro de estudios coreanos en América Latina
Junglm, Y. o conceito de "pessoalidade" acima descrito mostra que a burocracia im– plantada no período colonial acabou criando tal mecanismo de rela~oes so– ciais para contornar a demora burocrática. É natural que a "pessoalidade" se desenvolva para a conhecida "afabilidade" geral dos brasileiros. Entretanto, o que ocorre na rela~ao dos coreanos com os brasileiros é que nao se con– segue desenvolver a "pessoalidade" por inabilidade linguística, mas prin– cipalmente por nao reconhecer este aspecto cultural brasileiro, tido pelos coreanos como frivolidade. Dessa maneira, os coreanos ficam apenas com a parte "negativa" desse mecanismo, que é justamente a demora, e perdem de vista a possibílidade de acelerar os trabalhos justamente através da prática da "pessoalidade". Um dos entrevistados nao compreendia que os caixas de ban– co ficassem conversando assuntos pessoais entre si atrasando ainda mais os trabalhos. E para sua supresa, aqueles que esperam também participam dessas conversas "paralelas"! É fato que falta competencia linguística para a maioria dos coreanos, mas mesmo aqueles que falam melhor o portugues e assimilaram por experiencia própria a importancia da "pessoalidade", praticam-no apenas como um ins– trumental, do tipo mal necessário para conseguir o que deseja. Por outro lado, a impessoalidade objetiva que o coreano espera e exige do brasileiro faz com que estes sintam-nos como rudes e impacientes. Esse conflito é observado até entre os próprios coreanos dependendo do tempo vivido no BrasiL Quanto mais se vive no Brasil, mais se fica tolerante a demora. Aos olhos dos recém-chegados, os primeiros seriam "brasileiros demais", enquanto estes redamam: "eles tem que entender que no Brasil nao é assim". Isso ocorre principalmente nas empresas coreanas que se instalam no Brasil e contratam filhos de coreanos ou jovens da gera~ao 1,5. Um dos brasi– leiros entrevistados tentou conjecturar a respeito da pressa coreana: "nao sei se isso tem alguma coisa a ver com o 'rapa', acho que ficam com medo do 'rapa' ", mas note-se que até tal afirmado tem um qué de pessoalidade. O polémico prof. Kang Jun-Man dedica um capítulo inteiro a cultura do "pali-pali" em seu livro O Código Coreano,265 e a explica por meio de fatores históricos. Segundo ele, a cultura da pressa seria própria das gerayoes sub– metidas a urna ditadura militar que tinha como imperativo o crescimento 265 Kang, J. M. Han-kuk-in ko-deu. Seul: In-mul-gwa-sa-sang, 2006. p. 52. IV Encuentro de Estudios Coreanos en América Latina 241
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