La ciudad como campo de estudio morfológico: Escenarios latinoamericanos en tiempos de crisis
359 não recai na interação, mas no compartilhamento do mesmo espaço físi- co, sem o qual nenhuma interação se dá” (TENÓRIO, 2012, p.14). Ve- mos então que aspectos morfológicos estão presentes, porém são ele- mentos que no passado já foram estudados, mas de outra maneira. Na década de 60 Jane Jacobs e Kevin Lynch já buscavam compreender os efeitos da forma urbana na apropriação da cidade. Jacobs (2011) criticava a negação do espaço público materializado na cidade de Nova York através de paredes cegas, grandes áreas de estacionamentos e empreendimento pri- vados. Por outro lado, a jornalista admirava os bons exemplos presentes na cidade. Reconhece sobre tudo que a apropriação do espaço público é a chave da sua segurança. Um espaço urbano mais frequentado e rodeado por um entorno com fachadas ativas contribuíam para uma efetiva vigilância não só entre moradores, mas também transeuntes. Jacobs observava ainda uma relação entre quadras curtas e apropriação urbana, elucidando que a vitali- dade depende também das pequenas distâncias e facilidades do caminhar. Kevin Lynch (2006) também se preocupou com a relação entre edi- fícios, lugares e pessoas. O autor trata a percepção do espaço como algo fundamental, indicando que vivemos a cidade do jeito que a perce- bemos. E neste caso a forma urbana tem papel importante, pois cria uma trama de ruas, praças e lugares que podem ser facilmente ou di- ficilmente percebidos, influenciando os nossos movimentos diários. Jacobs e Lynch incorporam em seus trabalhos, mesmo que de modos dis- tintos, a forma urbana. Fica evidente que a configuração dos espaços públi- cos já demonstrava relevância no estudo do comportamento humano, mas ainda sem muito aprofundamento. É importante ressaltar que o termo “ur- banidade” não era explorado nesta época, mas as contribuições feitas por es- tes autores auxiliaram na formulação do conceito como qualidade da cidade. Anos mais tarde, já na década de 80, a contribuição feita por Jane Jac- obs e Kevin Lynch parece ganhar ainda mais força, indo de encontro com uma abordagem descritiva desenvolvida por Bill Hillier e Julien Hanson. Divulgada através do livro The Social Logic of Space (Hiller e Hanson, 1984), a teoria elaborada pelos autores e denominada como Sintaxe Es- pacial, propôs um método de descrição da forma urbana, fundamentan- do-se na constatação de que há uma lógica social no espaço e uma lógica espacial na sociedade. Com base nesta teoria, nossa busca para analisar a urbanidade estaria condicionada a três fatores: A escala global, a escala lo- cal, e o campo de possibilidades de interações sociais dos espaços urbanos. Para Hillier e Hanson (1984) o modo como as edificações estão distri- buídas sobre um território são importantes, porém, por si próprios, não
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