La ciudad como campo de estudio morfológico: Escenarios latinoamericanos en tiempos de crisis

305 Pierre Lavedan é reconhecidamente um dos primeiros a fazer um estu- do sistemático e aplicado sobre a persistência da forma urbana por meio de análise cartográfica. Ao identificar os elementos geradores da planta da cidade, o autor identificou uma lei, “não universal, nem absoluta”, a qual denominou por loi de la persistence du plan (Lavedan, 1926:91), segundo a qual, algumas ruas da cidade perduram por séculos. Testando este ar- gumento, para verificar aquelas formas urbanas transmitidas no tempo, Lavedan fez um estudo cartográfico tentando identificar casos empíri- cos de persistências: uma estrada no caso de Tell el Amarna, o plano da antiga cidade de Salonique, caminhos medievais de Fourvières , a muralha medieval convertida no eixo das avenidas em Beaumont , além de outros exemplos em Périgord , Cambridge, Paris e Munique. Assim, distintos e sucessivos períodos históricos podem ser estudados e interpretados pelo simples fato de que pode ser estabelecida uma conexão comparativa en- tre diferentes tempos, posto que alguns elementos permaneceram. Embora destaque-se aqui o livro de Lavedan, é importante registrar a importância de Marcel Poète e do geógrafo Raoul Blanchard que em obras de 1911 e 1922 é considerado pioneiro na defesa dos estudos comparativos dos pla- nos urbanos para entendimento da “evolução urbana” (Tourinho, 2006). Pierre Pinon, alguns anos mais tarde, com a publicação do artigo Défense et illustration de la “loi de persistance du plan” , recuperou a questão lançada por Lavedan para identificar a persistência de fragmentos preexistentes na aná- lise de plantas de algumas cidades francesas de fundação romana. Fez isso defendendo como método de reconstituição da materialidade do traçado, a “prospecção” retrospectiva por meio de fotografias aéreas, mapas cadastrais e análise morfológica dos tecidos urbanos. Procedendo então com a análise retrospectiva de Bourges, Amiens, D'Autin, Limoges e Paris, Pinon aponta as diferenças conceituais entre persistência e permanência (tratadas por Lave- dan , no texto de 1926), e evidencia pontos fundamentais para serem obser- vados antes de se iniciar qualquer pesquisa: a existência de tipos de plantas urbanas (de matriz colonial, ortogonal, romana, etc., a depender da história da cidade); o fenômeno da conservação do traçado (identificação prelimi- nar de evidências topográficas, implantação de edifícios, antigos camin- hos); e a possibilidade de se reconstituir as fases intermediárias da planta. Conzen, por sua vez, ao se deter sobre análises de pequenas cida- des e vilas inglesas identificou a existência de processos morfológicos que agiram sobre a substituição das formas urbanas, em três escalas: da planta da cidade, da edificação e do uso. Pelo menos dois verbetes do Glossário de termos técnicos, elaborado por este autor, fazem referên- cia à temática abordada: Persistence of inherited forms; e Systematic diffe- rentiated persistence of forms (principle of ). Na definição destes termos, Conzen afirmou que o “plano urbano” (composição bidimensional da

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