La ciudad como campo de estudio morfológico: Escenarios latinoamericanos en tiempos de crisis

277 fraestrutura completa e com linhas de transporte consolidadas e variadas, é imprescindível que elas estejam dentro das políticas de planejamento urbano, evitando dessa forma a fragmentação do tecido urbano e cons- truindo uma cidade coesa e sustentável. A demora pela observância dessa necessidade resultou em problemas graves, espaços inseguros e desorgani- zados, pensados para os automóveis, afogando-se as regiões centrais em um tráfego que gera desde prejuízos ambientais a financeiros (Farr, 2013). A praça Marechal Deodoro da Fonseca permaneceu desde o início de sua existência como centro comercial e administrativo de Teresina, cercada por edificações de uso institucional, de serviço e de comércio. Seu entorno faz parte de uma área com alto grau de possibilidades de apropriação social, mas que, pela míope gestão do espaço no século passado e no início deste, apresenta grandes problemas que impedem a devida apropriação pela po- pulação, tornando-a, para muitos, um lugar de simples passagem e dimi- nuindo drasticamente suas opções de lazer. Conforme demonstrado, esse perfil atual possui duas causas principais: o desenho urbano pensado para o automóvel e a falta, por muito tempo, de projetos que pensassem o seu espaço a longo prazo e tivessem evitado o processo de diminuição das ati- vidades de lazer e do número de residentes na área, demandando grande necessidade de transporte para o centro, demanda essa que o transporte co- letivo tem dificuldade de suprir e que resulta na existência de tantos carros trafegando no centro. Apenas na década passada é que se começou a realizar intervenções efetivas que ajudassem a minimizar os problemas existentes, como a realocação do comércio de camelôs para o Shopping da Cidade, o novo paisagismo das vias e a extensão da linha do atual VLT até a praça. Necessita-se, porém, que muito mais seja feito. Embora apresente uma va- riedade de formas de acesso, a praça da Bandeira e suas vias circundan- tes são, hoje, estacionamentos a céu aberto, forma injusta de apropriação do espaço, muito diferente de suas primeiras décadas de existência e al- tamente prejudiciais para a qualidade do espaço urbano. Como afirmam Bittencourt, Medeiros, Hildebrand e Linke (2017), os polos geradores de viagem, como é o caso da praça da Bandeira e de seu entorno, têm o potencial de aglomerar muitas pessoas diariamente, o que impõe a res- ponsabilidade de apresentar um ambiente seguro, acessível e convidativo voltado para o usuário. É necessário resgatar o direito de apropriação da área da praça Marechal Deodoro da Fonseca pelos pedestres através de projetos e intervenções que os priorizem, com mais passagens seguras e proibindo estacionamentos na área. Diminuir a quantidade de automó- veis circulando pelo entorno da praça é um imperativo para o desenvol- vimento local sustentável. Também, é preciso incentivar ainda mais o transporte coletivo e o não-motorizado para a região, fazendo o uso efi- ciente da rede de transporte já estabelecida e de seus diferentes modais.

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