Migración internacional de enfermeras/os de América Latina 2010-2019
95 Migración internacional de enfermeras/os de América Latina 2010-2019 Quando visualizamos a iniquidade da distribuição dos RHS no Brasil, a realidade brasileira na distri- buição de profissionais de medicina e enfermagem, em grande quantidade de municípios (entre o total de 5.570), pode-se assemelhar, em algumas questões, à de Bangladesh analisada por Darkwa, et al. (2015). O Brasil, também é um país populoso, e na sua grande extensão geográfica, além das grandes capitais e das regiões metropolitanas, dispõe de localidades municipais e distritais, de pe- queno porte, longe de centros desenvolvidos e com baixos indicadores socioeconômicos. Estes últi- mos, se comparam, portanto, aos países subdesenvolvidos, com absenteísmo profissional rotineiro e baixa retenção de enfermeiros e médicos. E ainda, albergam médicos e enfermeiros imigrantes sem revalidação de diplomas de graduação e, por conseguinte, sem registros nos conselhos regio- nais de profissões. São locais que dificilmente recebem fiscalização destas autarquias públicas, com- prometendo a qualidade da assistência à saúde, cometendo também, infrações ético-disciplinares pelos exercícios irregulares das profissões. Segundo Scheffer et al. (2020), a demografia médica no Brasil (Quadro 3) é o espelho da escassez desses profissionais em todo território nacional. Apesar do fato de grande crescimento de registros nos últimos anos, ou seja, em 2000, o Brasil dispunha de 230.110 médicos e em 2020, passa a contar com 502.475 médicos registrados. Fato que contribuiu para o aumento da média nacional da relação de médico por mil habitantes, passando-a de 1,4 para 2,4. De acordo com o autor, o documento Demografia Médica no Brasil de 2020, apontou que nos últimos 100 anos, o número de médicos no Brasil aumentou de tal forma, que em 1920, existiam 14.031 médicos, e em 2020, o número de médicos passou a ser de 502.475. Mas, ressaltando ainda, que, no mesmo período, a população brasileira aumentou de 30.635.605 para 210.147.125 habitantes. Ocasionando assim, um déficit de profissionais médicos, mesmo com a forte aceleração do número de médicos formados nos últimos anos, impulsionado pela abertura de novas escolas e pela expansão de vagas em cursos de medicina já existentes. E ainda, indica o autor, que somente no decênio 2010-2019, 179.838 novos médicos ingressaram no mercado de trabalho (Scheffer, et al., 2020).
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