Desafíos críticos para Latinoamérica y el Caribe
94 a se encontrar cada vez mais isolada. Um ponto de inflexão que freou qualquer possibilidade de diá- logo a nível regional com este país foi a criação do Grupo de Lima, em 2017, com o intuito de discutir a situação venezuelana, isso porque o grupo passou a apoiar de forma veemente o autoproclamado presidente venezuelano Juan Guaidó. Além disso, como apontado no quarto item, percebe-se uma alteração na orientação da política ex- terna de alguns países, caracterizada por uma maior aproximação com os Estados Unidos; no caso do Brasil, por exemplo, um alinhamento quase automático. A posição do Grupo de Lima é quase um eco do discurso estadunidense. A América Latina, de modo geral, perdeu relevância na agenda de política externa de determinados governos sul-americanos, que outrora conduziram importantes processos e iniciativas regionais, como é o caso brasileiro. Nesse sentido, o quinto item diz respeito à percepção de que há uma tendência atual maior à coope- ração do que à integração, ou seja, a preferência por mecanismos de estruturas mais flexíveis e ágeis, que demandem um menor grau de institucionalidade, formalidade e interdependência. Como aponta Nolte (2019, p.143), “na década atual, a governança regional se caracteriza por ter instituições com atri- buições ainda menos vinculantes 14 ”. O Prosul, por exemplo, aponta para essa direção. O sexto desafio seria a ausência de uma liderança regional capaz de conduzir ao aprofundamento da cooperação e integração e produzir uma maior concordância entre os governos. Quando se trata do assunto, Brasil e Argentina são apontados como atores que desempenharam esse papel em alguns momentos, até mesmo a Venezuela de Hugo Chávez o fez. Essa falta de liderança é também uma con- sequência das transformações na política externa desses países, nas quais a região não é uma priorida- de e não há um interesse em assumir essa responsabilidade. Por fim, a própria postura da Venezuela se apresenta como um entrave à busca de uma agenda cons- trutiva conjunta. Reconhece-se que, muitas vezes, o país assume uma postura reativa em decorrência da investida de terceiros, no entanto, especialmente no início da intensificação do fluxo migratório venezuelano, esse deslocamento era minimizado por parte do governo, possivelmente para evitar re- conhecer a existência de um problema, de uma crise, e desfavorecer ainda mais sua governabilidade doméstica. Independente do motivo, fato é que, de todos os lados, tem sido árdua a construção de diálogos. 14 “En la década actual, la gobernanza regional se caracteriza por tener instituciones con atribuciones aún menos vinculantes”.
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