Desafíos críticos para Latinoamérica y el Caribe

93 soberania 11 (tradução e grifos nossos). Há, ainda, o recrudescimento da agenda estadunidense para a América Latina com o início da gestão Trump, em 2016. A isso, Nolte (2019) chama de “hegemonia negativa”. Como ação prioritária na área política, a Estratégia citada acima anuncia: Vamos catalisar os esforços regionais para construir segurança e prosperidade através de forte engaja- mento diplomático. Vamos isolar os governos que se recusarem a agir como parceiros responsáveis no avanço da paz hemisférica e da prosperidade. Estamos ansiosos para o dia em que o povo de Cuba e Ve- nezuela possam desfrutar da liberdade e dos benefícios da prosperidade compartilhada, e encorajamos outros Estados livres no hemisfério a apoiar este esforço compartilhado 12 (The White House, p.51, grifo nosso). Em nome da liberdade e dos ideais de democracia e direitos humanos, os Estados Unidos endurecem cada vez mais sua política em relação à Venezuela, e quem arca com o custo maior é a população vene- zuelana. Considerando que a Venezuela possui as maiores reservas comprovadas de petróleo do mun- do, é interessante notar como a palavra prosperidade é mencionada diversas vezes, falando-se inclusive de prosperidade compartilhada. O petróleo é um grande pilar das relações EUA-Venezuela, desde o início das concessões de exploração de hidrocarbonetos em território venezuelano no ano de 1883; concessões essas que beneficiaram enormemente empresas estadunidenses. Passando por muitos mo- mentos diferentes 13 , as relações entre esses dois países voltaram a entrar em conflito com a chegada de Hugo Chávez (1999-2013) ao poder, que (re)nacionalizou importantes setores da economia, dentre eles, o da exploração de hidrocarbonetos, o que prejudicou os interesses estrangeiros (AMORIM, 2019). Com a eleição de Nicolás Maduro, em 2013, essa relação ficou ainda mais conturbada. Em 2014 foram aplicadas, pelo governo Barack Obama, as primeiras sanções econômicas contra a Ve- nezuela. Com o governo Trump, estas sanções vêm sendo intensificadas, boa parte delas diretamente contra o funcionamento da indústria petrolífera venezuelana, que responde por 95% da receita de exportação nacional e 25% do PIB do país, e para setores estratégicos da economia venezuelana, tais como o setor de mineração e o próprio Banco Central da Venezuela. Na prática, estas sanções estran- gularam fortemente a economia do país, congelando boa parte dos bilionários ativos venezuelanos depositados no sistema financeiro estadunidense. Desde 2015, as principais agências de risco elevam sucessivamente os índices de risco de empréstimos para a Venezuela, reduzindo drasticamente o aces- so do país a crédito (AMORIM, 2019, p. 296). Se, de um lado, os Estados Unidos buscam minar a capacidade da Venezuela de superar a crise na qual se encontra; de outro, financiam grande parte das iniciativas de acolhimento aos migrantes e refugia- dos na América Latina, sob o discurso da ajuda humanitária. Um terceiro desafio que apresenta a conjuntura sul-americana é a divergência política entre seus líde- res, o que levou ao enfraquecimento de muitas iniciativas regionais e a fragmentação da integração, como já mencionado anteriormente. A partir de 2017, começa a se perceber uma guinada à direita dos governos da região - Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai - e a Venezuela passa 11 No original: “China seeks to pull the region into its orbit through state-led investments and loans. Russia continues its failed politics of the Cold War by bolstering its radical Cuban allies as Cuba continues to repress its citizens. Both China and Russia su- pport the dictatorship in Venezuela and are seeking to expand military linkages and arms sales across the region. The hemisphere’s democratic states have a shared interest in confronting threats to their sovereignty”. 12 No original: “We will catalyze regional efforts to build security and prosperity through strong diplomatic engagement. We will isolate governments that refuse to act as responsible partners in advancing hemispheric peace and prosperity. We look forward to the day when the people of Cuba and Venezuela can enjoy freedom and the benefits of shared prosperity, and we encourage other free states in the hemisphere to support this shared endeavor”.    13 Ver Pedroso (2018).

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