Desafíos críticos para Latinoamérica y el Caribe

82 lógica do espaço, que a saúde se apresenta como o que Kickbusch (2013) denominou de “componente essencial e expressão da cidadania global”. Diante da atual crise sanitária, o já desigual progresso rumo aos objetivos de desenvolvimento susten- tável teve seu curso interrompido, com riscos à reversão de alguns dos avanços já obtidos nas áreas de saúde, combate à pobreza e à fome e ganhos na educação. Ainda que a pandemia tenha atingido a todos os países, seu impacto foi mais acentuado entre os mais pobres e vulneráveis, revelando as fragilidades sociais, iniquidades e injustiças existentes. Na saúde, fatores como cobertura de serviços essenciais para menos da metade da população, interrupção e limitação na assistência em razão do redirecionamento de recursos para o suporte à emergência e, no caso do fechamento das fronteiras, restrição no acesso a serviços, conformam o atual cenário e desenham alguns dos pontos críticos de ação neste campo, cujo enfrentamento também demanda reforço das colaborações internacionais (UN, 2020). Na América Latina, a pandemia atingiu a região já marcada por desigualdade, com sistemas de saúde fragmentados e subfinanciados, com altos níveis de informalidade nos vínculos de trabalho e aumento de pessoas em situação de pobreza e extrema pobreza, conforme a Organização Panamericana de Saú- de e CEPAL (2020). Todos esses fatores contribuíram para o incremento da vulnerabilidade na região, lançando luz para a abordagem de questões cruciais para o desenvolvimento sustentável na região: redução das desigualdades, priorização da saúde e proteção social. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conforme o informe elaborado pela Organização Panamericana de Saúde e a CEPAL (2020), a crise sa- nitária evidenciou a necessidade de um desenvolvimento sustentável com foco na integralidade e des- tacou a interdependência das dimensões deste desenvolvimento. Ou seja, neste cenário não é possível pensar no alcance do desenvolvimento sem considerar principalmente as inter-relações e atravessa- mentos das questões econômicas na área social, na saúde e na preservação do meio ambiente sob o risco de desconsiderar a integralidade no processo. Neste contexto, se faz evidente que as discussões envolvendo a cooperação regional econômica, impulsionada pelos imperativos da globalização, não prescindem de igual debate sobre a garantia da saúde das populações da região e seus determinantes e condicionantes. Os países da América Latina como um todo compartilham em maior ou menor grau desigualdades estruturais e questões de saúde similares que impactam no desenvolvimento econômico e social da região. As iniciativas de cooperação apresentam potencial para endereçamento de desafios comuns aos países, em especial nas questões de saúde e, de acordo com Jiménez e Nogueira (2009), necessitam transcender o caráter pontual e os limites nacionais e caminhar em direção a construção de direitos que alcancem o cenário regional. A inclusão da saúde nos debates sobre integração regional se faz cada vez mais necessária diante da emergência de novos desafios e da persistência de antigos problemas. Retomando as falas de García e Lagos, é necessária uma nova estratégia de desenvolvimento que comporte uma visão integral e ho- lística, em especial no atual cenário onde os problemas não mais se restringem aos limites geográficos dos países. Ainda que as iniciativas de integração tenham se originado a partir de interesses comerciais, nota-se a crescente incorporação de outros temas nas discussões e acordos entre os países. A inclusão de novas perspectivas às abordagens regionais assume relevância no contexto global de interdepen- dência, ensejando a construção de propostas de intervenção intersetoriais para fazer frente a comple- xidade deste novo cenário. Nesta nova estratégia, a saúde deve se fazer presente como importante eixo de intervenção e cooperação rumo ao desenvolvimento sustentável regional e enfrentamento das tendências regionais e globais e dos novos desafios.

RkJQdWJsaXNoZXIy Mzc3MTg=