Desafíos críticos para Latinoamérica y el Caribe

81 migrantes, atenção às hepatites virais tipo B e C, prevenção e redução de gravidez na adolescência, inclusão de enfoque intercultural nos planos de saúde e doenças catastróficas (OPAS & OMS, 2017). As atividades e discussões sobre saúde também figuram como componentes da OTCA e fazem parte da Agenda Estratégica para a região. Neste componente, destaca-se ações voltadas para a gestão regional da saúde incluindo temas como vigilância epidemiológica, saúde ambiental, desenvolvimento de siste- mas de saúde, determinantes de saúde na Amazônia, financiamento, recursos humanos e tecnologias para melhorar a eficiência e eficácia das ações a região (OTCA, 2010). Por fim, o tema da saúde na Unasul foi incluído com o objetivo de consolidar na região um espaço de integração em saúde, alicerçando-se na concepção de saúde como direito fundamental e importante elemento de impulsão de acordos de integração regional. Neste âmbito foram definidos como alvos a identificação de determinantes sociais, promoção de políticas comuns e atividades de cooperação entre os países (incluídas as situações de emergência e catástrofes), desenvolvimento de redes de trabalho temáticas, fortalecimento das instituições de saúde, promoção de pesquisa e desenvolvimento e inovação na saúde, criação de sistemas de informação e comunicação e desenvolvimento de ações de saúde nas fronteiras (UNASUL, 2020). Nesta iniciativa, Buss e Ferreira (2011) assinalam as seguintes prioridades da agenda de saúde: atuação conjunta na vigilância e controle de enfermidades na fronteira, identificação de doenças prioritárias, construção de sistemas de saúde universais e equitativos e enfrentamento dos determinantes sociais da saúde e combate às iniquidades deles decorrentes. Para os autores, a Unasul-Saúde tem avançado rumo a um processo de diplomacia da saúde regional, alinhada com uma visão mais ampla da inte- gração que aporta os princípios da solidariedade e complementaridade rumo ao desenvolvimento e melhoria das condições de vida da população local. A SAÚDE EM TEMPOS GLOBAIS A definição de saúde proposta pela Organização Mundial de Saúde (WHO) amplia o conceito e firma seu caráter de direito fundamental, assim como lança luz sobre as ameaças advindas do desenvolvi- mento desigual de ações e enfrentamento de doenças em diferentes países (WHO, 2006). A partir deste enfoque, a saúde pode ser compreendida como bem público global, noção que evoca o entendimento de usufruto e/ou consumo da saúde ausente de rivalidade e concorrência, numa perspectiva de in- clusão (Fortes, & Ribeiro, 2014). No cenário contemporâneo, muitos dos problemas que afetam os países não estão circunscritos aos limites dos territórios, figurando como problemas globais que, como tal, demandam ampliação do diá- logo e construção de iniciativas conjuntas para sua resolução (Lagos, 2014). Os ecos e desdobramentos da globalização no campo da saúde evidenciam-se tanto de maneira di- reta como através dos determinantes sociais. Cita-se como exemplos as mudanças nos mercados de trabalho, nas transformações ambientais, no consumo de alimentos, na velocidade de transmissão de doenças infecciosas em razão do trânsito de pessoas, na manutenção e aumento da pobreza e desigualdades econômicas internas e entre os países (Fortes & Ribeiro, 2014). As desigualdades pro- duzidas nestes encontros se mesclam com as novas necessidades de saúde resultantes dos processos de integração regional e evidenciam o descompasso entre a globalização econômica e a globalização social (Jimenéz & Nogueira, 2009). Neste contexto, ficam postas a necessidade de novas construções que façam frente aos desafios da saúde e a evocação dos valores de equidade e solidariedade nas novas leituras da cidadania derivadas destes encontros. É nesta convergência entre os processos dinâmicos e fluidos da globalização com a

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