Desafíos críticos para Latinoamérica y el Caribe
80 gração e das diferentes formas assumidas ao longo dos anos está radicada no contexto de expansão do capitalismo e do pensamento neoliberal e na funcionalidade da integração para o alcance dos objetivos de desenvolvimento formulados. Teixeira e Desiderá (2012) assinalam que entre 1960 e início dos anos 2000 surgiram diversas iniciativas de integração regional, tais como a Associação Latinoamericana de Livre Comércio (ALALC), o Grupo Andino, Mercado Comum do Sul (Mercosul), União de Nações Sul-americanas (Unasul), o Mercado Comum Centroamericano (MCCA), a Associação Caribenha de Livre Comércio (CARIFTA), a Aliança Bo- livariana para as Américas (Alba) e a Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC). Seguindo o panorama latino-americano, as iniciativas de integração regional na América do Sul transi- taram entre os enfoques desenvolvimentistas, entre os anos 1950 e 1980; para um caráter mais comer- cial e com ausência de uma agenda comum voltada para integração nas áreas de infraestrutura, política e social na década de 90; até o enfoque voltado para a autonomia da região e a visão integral dos processos de integração nos anos 2000 (Granato & Batista, 2018). De acordo com os autores, a ALALC, posteriormente remodelada para a Associação Latino-americana de Integração (ALADI) em 1980, o Mercosul e a Comunidade Andina na década de 90 (resultante da remodelação do Grupo Andino), e a Unasul, nos anos 2000, foram as propostas de integração no âmbito sub-regional, além da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), citada por Buss e Ferreira (2011). Granato e Batista (2018) pontuam que os usos mais frequentes da integração na sub-região refletem uma ampliação das agendas domésticas, operando como meios para perseguir objetivos internos aos países. Para os autores, as diferentes abordagens que predominaram na região tanto refletiam os con- textos nacionais e internacionais específicos quanto eram funcionais aos propósitos ditados por estes, oscilando entre tendências exclusivamente voltadas ao mercado e a busca da autonomia regional agre- gada a demandas sociais na proposta de desenvolvimento econômico. Para Buss e Ferreira (2011), a criação da Unasul em 2008 expressa os novos rumos delineados para os processos de integração que, associados ao crescimento da interação político e econômica, alinham-se às questões de direitos hu- manos, solidariedade e justiça social (Buss & Ferreira, 2011). No que diz respeito às questões de saúde, destaca-se na região os processos de cooperação desenvol- vidos no âmbito da OTCA, Comunidade Andina e Mercosul, no primeiro momento, e as propostas da Unasul-Saúde (Buss & Ferreira, 2011). A respeito do Mercosul, Queiroz e Giovanella (2011) assinalam que, apesar da predominância da pers- pectiva comercial, é possível identificar nesta iniciativa realizações e proposições em âmbitos diversos das políticas públicas, incluída neste rol a área da saúde. As autoras destacam que a inclusão de temas da saúde é tardia e incipiente, contudo, os debates têm se ampliado e incluído matérias como questões de promoção e proteção social da saúde na região. O estudo da agenda regional do Mercosul revela que os temas sociais, apesar de terem conquistado espaço na seara da integração regional, necessitam avançar em aspectos como acesso aos serviços de saúde, qualidade de bens e serviços, compartilhamento de informações e desenvolvimento de localida- des fronteiriças. O progresso nestes pontos se apresenta como elemento chave para lograr os objetivos do Mercosul e para elaborar um modelo comum para a região, de forma a não limitar direitos e impac- tar positivamente as condições de vida e de saúde (Queiroz & Giovanella, 2011). No âmbito da Comunidade Andina, o Organismo Andino de Saúde (Convênio Hipólito Unanue ORAS- CONHU) coordena e apoia iniciativas para melhoria da saúde, tendo em vista o papel fundamental des- te campo no processo de integração dos países andinos (ORAS-CONHU, 2020). Neste quadro, foram firmados acordos e elaboradas resoluções sobre temas como segurança nas transfusões sanguíneas, acesso a medicamentos, gestão de desastres, eliminação da raiva humana e tuberculose, saúde dos
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