Desafíos críticos para Latinoamérica y el Caribe
148 CONCLUSÕES As comunidades das quais as pessoas refugiadas estão vivendo abrigam uma riqueza de dinâmicas so- ciais, políticas, econômicas e culturais já existentes, envolvendo uma série de experiências que podem servir ao propósito de desenvolvimento conjunto. No entanto, pelo fato do contexto do deslocamento forçado trazer em si mudanças drásticas (e dramáticas) na reconstrução de suas vidas, os refugiados frequentemente dependem de agentes externos para a provisão imediata de necessidades básicas, como alimentação, abrigo, serviços de saúde etc. Ao atender a essas urgências derivadas do contexto emergencial, torna-se também essencial considerar que fatores de assimilação e integração no pro- cesso de desenvolvimento de um plano de resposta de longo prazo e consistente, em que as soluções duradouras propostas pelo ACNUR devem ser revistas e readequadas. A coordenação e cooperação intersetorial, envolvendo as diferentes instâncias governamentais, o se- tor privado e as organizações da sociedade civil, articuladas pelas agências humanitárias, são elemen- tos-chave para o sucesso de uma abordagem de desenvolvimento integrado e comunitário, processo este fundamental para assegurar a participação e as efetivas contribuições que as pessoas refugiadas têm a fazer junto aos programas a eles direcionados. Alcançar uma abordagem uniforme também exi- girá apoio ativo no nível de gestão e compromisso compartilhado dos atores nos vários setores, pois as identidades das pessoas refugiadas são múltiplas, sobrepostas e móveis, desafiando a fácil catego- rização de modelos padrão já existentes. É preciso haver, entre os diversos atores atuantes, uma discussão aprofundada do conceito de soluções duradouras e de seus desdobramentos de geração de renda e emprego no longo prazo, adaptáveis aos contextos locais. No vigente período em que a globalização e o multilateralismo passam a ser questionados como propositor de discussões e soluções, conciliando com contexto de fragilização do mercado de trabalho formal, os conflitos armados e as inseguras políticas e sociais estão intimamente ligados com o desenvolvimento econômico. Sem empregos adequados e outros meios de subsistência para seus cidadãos, o fluxo de pessoas para e na América Latina exigirá aportes financeiros dos quais os Estados não têm capacidade de arcar e, com isso, precedentes de xenofobia e discriminação serão cada vez mais presentes devido a ótica operante de competição e não de cooperação. Cabe aos atores do sistema internacional serem propositivos para consolidar junto aos Estados o direcionamento ne- cessário para propiciar, conjuntamente, acolhida e integração de forma digna e sustentável. Desta forma, os atores internacionais que atuam na resposta humanitária ao fluxo de refugiados e migrantes pela região devem contemplar, além das responsabilidades dos Estados federais, as articu- lações internas, dentro dos territórios nacionais, para a construção de leis específicas e na consolidação das políticas existentes. No momento atual, destaca-se que o tema “Venezuela” tenha se tornado um instrumento integrante do jogo político partidário como forma de influência em eleições locais, assim como da ideologização dos poderes constitucionais e de suas devidas influências na vida urbana como um todo. Assim, o difícil papel de articulação e resposta dos atores do sistema internacional requer in- tervenções de longo prazo, ainda que a premissa da remodelagem necessária parte dos compromissos internacionais assegurados nas soluções duradouras propostas pelo ACNUR.
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