Desafíos emergentes de la modernización del Estado : reflexiones y casos de América Latina y Europa
Javier Fuenzalida | Pablo González ( Editores ) 110 Como se pode perceber, o enfoque da administração pública se centra na estru- tura e na adaptação do servidor a normas e técnicas, e a uma despersonalização do serviço público. Por sua vez, o enfoque da nova gestão pública flexibiliza a estru- tura, demandando do servidor um desenvolvimento de capacidades que apoiem o dinamismo inerente à gestão. No âmbito da nova governança pública, é preciso ir além das fronteiras organizacionais e estabelecer uma conexão com a sociedade, sa- bendo atuar em rede. O trabalho do servidor público deve ter um sentido próprio e vinculado ao serviço e ao social. O público, por certo, mostra-se mais importante que o privado, por isso a necessidade de alcançar a efetividade, de buscar relações institucionais com organizações da sociedade civil, de ampliar o serviço a grupos historicamente excluídos, de construir comprometimento do servidor além de con- tratos ou de projeções de estabilidade na carreira e, principalmente, desenvolver capacidades decisórias em cada e em todos os níveis hierárquicos da gestão pública. Obviamente esta proposta se apresenta em um ambiente muito mais dinâmico e se identificam dilemas importantes a que possivelmente estarão sujeitos os servido- res. A priorização pode obedecer a orientações dicotômicas como público versus pri- vado; particular versus coletivo; ética pessoal versus ética organizacional; transparência versus confidencialidade; poder versus violência; técnico versus humano, entre outros. Também é importante sinalizar que as diferenças regionais na América Latina, em termos culturais principalmente, podem afetar significativamente esta perspec- tiva e mostrar diferenças no processo de transição entre um modelo e outro. Con- sequentemente, se esperaria graus de diferenciação entre as distintas demandas de formação do servidor público, como consequência natural dessa afirmativa. A motivação do servidor público, em cada contexto, poderia assumir diferenças significativas e estariam relacionadas ao estilo de gestão empregado localmente. A pesquisa de Perry (1997), guardadas as considerações contextuais, poderia dar uma primeira orientação para construir uma reflexão sobre os eixos organizadores da formação do gestor público, de tal forma a apoiar a transição para um modelo dinâmico e flexível da PSO. Perry (1997) elabora sua proposta respeitando a diferença entre instituições públicas e privadas, usando o conceito de Motivação do Serviço Público (MSP ou Public Service Motivation [PSM]) elaborado anteriormente em Perry e Wise (1990, p.368): “uma predisposição individual para responder a motivos constituídos pri- mária e unicamente em instituições públicas”. Define como dimensões desse cons- truto: a afinidade com políticas internas, compromisso com os interesses públicos e deveres cívicos, compaixão e auto-sacrifício (estas duas últimas dimensões es- tão associadas intrinsecamente ao altruísmo). O que sustenta o conceito e suas
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