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Qual o impactodeumaavaliaçãoexternanoensinode crianças com8anosde idade?
AnaMartins
Como citar:
Martins, Ana (2014)Qual o impactodeumaavaliaçãoexternanoensinode crianças com8anosde idade?
Actas
del Primer Congreso Latinoamericano de Niñez y Políticas Públicas 2014
. Santiago de Chile, 14 al 17 de ene-
ro2014. ISBN978-956-19-0841-3
Resumo
Desde 2005, no Brasil, o Estado de Minas Gerais implantou como política pública o PROALFA, Programa de
AvaliaçãodaAlfabetização comoobjetivodeverificarograudealfabetizaçãodosalunoscom idadeaproximada
a8anosmatriculadosnasescolaspúblicasestaduais.Apartirdedadoscoletadosemnossapesquisademestrado
defendidanoProgramadePós-graduaçãoemEducação (PPGE)naUniversidadeFederalde JuizdeFora (UFJF),em
2013, construímosopresente trabalho, cujoobjetivoéavaliaro impactodos resultadosdessaavaliaçãona vida
escolardosalunosdo3ºanodoEnsinoFundamental. Para fundamentar teoricamenteapesquisa recorremos
a Bakhmtin (2002), Scliar(1995), Vigotsky (1984), Rojo (2009), Bortoni-Ricardo (2006, 2009), Soares (2006),
Franco (2007), Freitas (2007) e SousaeOliveira (2010). Após a análisedas entrevistas, realizadapormeiode
núcleosde significação, concluímosqueoPROALFAéumaavaliaçãoqueora tem contribuídoparaamelhoria
na educação, ora tem trazido práticas que desfavorecem a qualidade de ensino oferecido às crianças que
frequentam as escolas públicas estaduais da cidade de Juiz de Fora.
Palavras-chave
: alfabetização, avaliação
externa, infância, letramento, proalfa.
Pedro
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era ummenino com idade de 6 anos, mas que, devido ao seu porte físico, aparentava ter 9 anos. Foi
matriculadonaescolanomeiodoano letivoemuma turmado1ºanodoEnsinoFundamental.A responsável pelo
aluno erauma funcionáriadeumabrigopara crianças. Logoque chegouà escola, oalunoapresentavaatitudes
rebeldes: batianos colegas semmotivoaparente, desrespeitavaas regras de saladeaula, ameaçavapular pela
janela, afrontava os funcionários e professores. Até o final do ano, o aluno estava com um desenvolvimento
muitoaquémdaquele constatado emoutros alunos da turma. Comopoderia ser diferente?Oaluno erafilhode
pai emãe viciados. Aavó, queo criava com todoo carinho, falecerano iníciodoano. Na convivência comaavó,
omenino tinha tudo que precisava, pois era uma senhora boas condições financeiras. Na nova vida que lhe foi
apresentada, oalunotinhaque sobrevivernoabrigo com criançasmaiores, algumas viciadaseagressivasoutras
agredidas pelos colegas, mas todos agredidos pela vida. O destino também tem seus preferidos e Pedro, com
certeza, não era um deles. Assim como Pedro, nas escolas públicas brasileiras, existem diversas crianças com
histórias semelhantes. Como alfabetizar esse aluno? Como colocar para esse indivíduo a prioridade na leitura e
na escrita, enquanto sua vida clama dignidade e respeito. Quando estiver no 3º ano, Pedro será avaliado pelo
PROALFA,mas a suahistóriade vidanão será considerada.
Introdução
Um dos grandes problemas educacionais enfrentados no Brasil, ainda hoje, diz respeito ao processo de
alfabetização e letramento das crianças. O fracasso escolar, antes revelado nos altos índices de reprovação no
primeiro ano de escolarização, atualmente, manifesta-se pela grande quantidade de alunos que seguem pelos
anos escolares sem saber ler e escrever. A escola pública, muitas vezes, não tem cumprido o seu papel, pois
crianças passam por ela e não são alfabetizadas. Assim, o fracasso escolar se confunde, muitas vezes, com o
fracassonaalfabetização.
Nadécadade1980, ummaiornúmerodapopulaçãobrasileira começoua ter acessoaoensino. A conquistapela
universalizaçãodoensinonão significouagarantiadeque todosque ingressavamnasescolaspúblicasbrasileiras
tinhamumaprendizado significativo.
Com a implantação, na década de 1990, do SAEB - Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, ficou
evidente, com resultadosapresentados, queagrandedificuldadedosalunos concentrava-se, principalmente, na
leituraenaescrita. Tais dificuldades eramoriundas deumprocessodealfabetizaçãoprecárioou inadequado. A
partir dessa constatação, começaram surgir políticaspúblicas com intentodeamenizar tal situação.
18Nomefictícioparanãohaver nenhuma identificaçãodoalunoede suahistóriana vida real.
